A PEQUENA NOTÁVEL TEM FÔLEGO
PARA CRESCER
Aditivações especiais incorporadas aos novos grades
tornam a moldagem rotacional mais eficiente e atrativa
As petroquímicas brasileiras
resolveram fortalecer o mercado de resinas para
rotomoldagem, de modo a aumentar o leque de
especialidades antes que outros competidores venham a
fazê-lo, tentando beliscar a pequena fatia em consumo,
avaliada em 1% pela Abiplast, mas com grande potencial
de crescimento, estimado em 20 mil toneladas, somadas as
demandas esperadas para este ano do policloreto de
vinila em emulsão às várias formulações em
polietileno, considerados os principais polímeros
rotomoldados.
A Politeno, líder em polietileno
para rotomoldagem, estima ter um participação de mais
de 95% nesse mercado, e promete apresentar no final do
ano um novo polietileno linear de média densidade, por
enquanto mantido em sigilo absoluto, mas que irá
representar o quinto produto a ser disponibilizado desde
a sua entrada no segmento, em 1992. A OPP praticamente
estréia em rotomoldagem, com o LQ-3535 UV. A Ipiranga
Petroquímica reassume os negócios no setor,
abandonados oito anos atrás, com a oferta do grade HD
7555 LS-L. E, para incrementar ainda mais a oferta, a
Dow Química concebe o Dowlex NG 2429NE, na planta de
Baía Blanca, na Argentina.
A moldagem rotacional desfruta de boa
fama entre os fornecedores. Para o gerente de
desenvolvimento, assistência técnica e logística da
Politeno, Marcos Rossatti, representa o segmento que
mais cresce em polietileno, e apresenta altos índices
de evolução da demanda: 1.500 t, em 1992; 3 mil t, em
1994; 13 mil t, em 1999, podendo superar as 15 mil t
até o fechamento deste ano. Caixas d'água, brinquedos,
reservatórios e tanques para produtos químicos,
componentes para maquinários agrícolas são alguns dos
segmentos responsáveis por esse aquecimento.
Bem conhecidos dos transformadores, os quatro grades
até agora oferecidos pela Politeno são em base buteno.
Três deles são aditivados contra raios ultravioleta
(UV), como o RD-34 U3 e o RC-35 U4, que apresentam
índices de fluidez 6,00 e 3,50 e densidades de 0,935
g/cm³ e 0,939 g/cm³, respectivamente, e foram
desenvolvidos para aplicações em brinquedos e caixas
d'água, sendo apenas o último também específico para
tanques. O terceiro produto, ou seja, o RA-34 U3,
aditivado anti-UV, apresenta índice de fluidez de 4,20
e densidade de 0,935 g/cm³, tendo emprego direcionado a
peças técnicas e tanques. Sem especificação anti-UV,
mas apropriado para contêineres, é oferecido o tipo
RA-34, com correspondentes índice de fluidez de 4,20 e
densidade de 0,935 g/cm³.
Aditivado com antioxidantes e
anti-UV, o LQ-3535 UV, desenvolvido pela OPP, tem
índice de fluidez correspondente a 4,0 g/10 min. e
densidade de 0,935 g/cm³. Classificado como um
quadripolímero, ou seja, constituído por quatro
matérias-primas, em base buteno/hexeno, e de alta
performance, o produto tem aplicações especificadas
para caixas d'água, reservatórios em geral,
brinquedos, componentes automobilísticos, embalagens de
alimentos, entre outros.
Na opinião de Jorge Luiz Mônaco,
responsável por novos mercados poliolefínicos da OPP,
um dos aspectos mais importantes desse grade é a sua
aditivação contra degradação térmica, passível de
ocorrer em função dos ciclos prolongados de processo,
que podem consumir minutos e até horas.
Para a Ipiranga Petroquímica, a retomada do mercado de
rotomoldagem se dá em virtude do aumento da capacidade
produtiva, advinda da partida da planta 4 de PEBDL e
PEAD, de Triunfo-RS, que ocorreu em setembro último, e
do "amadurecimento" do setor, conforme
observou Wander Montesso, chefe do departamento de
desenvolvimento de mercado e assistência técnica da
empresa. "É importante também considerar as novas
gerações de máquinas e equipamentos que deixaram os
investimentos em rotomoldagem bem mais atrativos em
relação à injeção", comparou. Sua avaliação
leva em conta a produção de caixas d'água injetadas,
consumindo algo em torno de US$ 1,5 milhão e US$ 2
milhões, contra US$ 500 mil ou US$ 700 mil, previstos
para a aquisição de sistemas de rotomoldagem.
A evolução dos grades para
rotomoldagem também é atribuída à nova postura dos
transformadores. Para tornarem-se mais competitivos,
eles querem avaliar se o produto funciona ou não,
conhecer até que ponto atenderá às necessidades, bem
como levar a testes os novos produtos. "O
desenvolvimento do nosso grade levou em conta muitos
aspectos, pois, além de apropriar-se ao segmento
alimentício e ser aditivado com estabilizante à luz,
ele tem a mais alta densidade do mercado ( 0,947 g/m³),
e atinge ao duplo propósito de dar maior resistência
à peça, e torná-la mais leve, atendendo os segmentos
que atuam com reservatórios de produtos químicos,
contentores para líquidos e sólidos, caixas d'água,
brinquedos de grande porte, caixas e paletes para
movimentação de materiais etc," afirmou Montesso.
A quarta unidade produtiva de PE, com
capacidade para 270 mil t/ano, do complexo da Dow
Química, de Baía Blanca, na Argentina, inaugurada em
novembro passado, também não deverá dar trégua às
aplicações em rotomoldagem do mercado brasileiro.
"Nossa resina especial apresenta melhores
propriedades graças à nossa tecnologia Insite, que
utiliza octeno-1, como comonômero, resultando em melhor
desenho molecular e maior resistência mecânica aos
materiais rotomoldados", explicou o gerente
comercial Luiz Stortini.
Denominado Dowlex NG 2429NE, esse
polietileno especial tem como correspondentes índices
de viscosidade (IF) igual a 4,0 e densidade de 0,935,
recebendo aditivação anti-UV e aprovação FDA, com
aplicações indicadas para tanques em geral, tambores
para produtos químicos, contêineres para
refrigeração, paletes, bulk contêineres, barcos,
caixas d'água, brinquedos, entre outros.
Caixa d'água sem tensão - Não há
termo de comparação com os americanos, considerados
imbatíveis em rotomoldagem, e responsáveis pelo
processamento de cerca de 400 mil toneladas/ano de
resinas, pela simples razão de que em boa parte dos
países do Primeiro Mundo, o fenômeno "caixa
d'água" não existe. Ou seja, o reservatório de
água tratada e destinada ao abastecimento não é um
bem de consumo usual.
No Brasil, ao contrário, estima-se a
venda anual de mais de três milhões de unidades,
observando-se forte tendência no emprego do polietileno
em substituição ao fibrocimento que, como se sabe,
contém amianto, mineral de uso restrito ou em vias de
banimento em várias partes do mundo.
Assim, o polietileno rotomoldado vem conquistando o
segmento da construção, onde não faltam elogios
inerentes ao processo: "Caixas d'água fabricadas
em polietileno por rotomoldagem estão totalmente
isentas de tensões residuais, e livres de linhas ou
marcas de soldas, o que resulta em produtos finais
estáveis, mais flexíveis e resistentes a impactos, sem
riscos de deformação ou rachadura, aos quais estariam
sujeitas se fabricadas em polietileno injetado" ,
comenta Paul Houang, gerente de desenvolvimento de novos
produtos da Brasilit, a líder de mercado e pioneira na
fabricação de produtos em fibrocimento, que
definitivamente entrou para o time da rotomoldagem, ao
apresentar na última Feicon, a
Feira da Construção, realizada em
abril passado, a linha de caixas d'água de 500 litros e
mil litros. Comercializados sob a marca Aqualev, os
produtos são confeccionados em dupla camada de
polietileno aditivado com proteção contra os raios
solares. Para facilitar a limpeza, receberam a
coloração azul claro na parte interna, e azul escuro,
externamente. Outros diferenciais estão nas alças,
para ancoragem e transporte; no sistema de fechamento
por travas e na tampa rotomoldada na cor preta na parte
interna, com a finalidade de propiciar total bloqueio
UV, complementando-se com azul escuro, na parte externa.
Fabricados em máquinas do tipo carrossel, da americana
Ferry, nas espessuras de parede de 4 mm, os dois modelos
da linha pesam 25 quilos e 15 quilos, comportando
volumes de mil litros e 500 litros, respectivamente.
Para haver comparação, o mesmo produto fabricado em
fibrocimento, comportando volume de 500 litros, pesaria
60 quilos.
De acordo com o gerente da Brasilit, o tempo de ciclo de
produção de uma unidade de Aqualev é de uma hora. A
produtividade, no entanto, sofre variações de acordo
com a quantidade de braços disponíveis no carrossel,
podendo tornar-se ainda mais flexível, com a
colocação de diferentes moldes no mesmo equipamento.
Tanques até às alturas - Enquanto a
Brasilit experimenta há pouco tempo os benefícios da
rotomoldagem, a Alpina Termoplásticos está entre as
veteranas do segmento, atuando com esse processo
produtivo desde 1971, para atender agroindústrias e os
mercados químico, têxtil, alimentício, entre outros,
na oferta de uma ampla e diversificada linha de produtos
de engenharia, destacando-se tanques de até 36 m³,
IBC, Intermediate Bulk Containers, contêineres
intermediários para transporte a granel, fabricados em
vários tamanhos e formatos para armazenagem e
transporte de líquidos perigosos.
Em se tratando da produção dos IBC, a empresa dispõe
desde dos modelos com gaiolas externas em aço, até os
mais sofisticados, providos de gaiola externa em
plástico. "Temos como produto top o Unitainer
1000, um IBC totalmente em plástico, 'incorrosível' e
com manutenção zero, facilmente lavável e altamente
resistente, e que proporciona maior segurança para o
meio ambiente e para as pessoas que o manipulam",
informou Roberto Landau Remy, responsável pelo
desenvolvimento de negócios da empresa. Outras
características do Unitainer 1000 estão relacionadas
com a estrutura externa em polímero resistente a
choques, perfurações, corrosão, intemperismos e à
ação dos raios UV. O contêiner também dispõe de
visor de nível com escala para controle do volume do
fluído; bocal e tampa com lacre, para impossibilitar a
violação do produto; válvula de descarga com trava de
segurança para garantir a não-violabilidade; além de
contentor interno rotomoldado em polietileno com
estabilizante UV e palete incorporado como peça única
na estrutura.
De acordo com Remy, a empresa ainda
oferece soluções completas e sob medida em engenharia
de plásticos, as quais permitem reduções de custo no
produto final e até substituições de um conjunto de
peças por uma peça única.
Adequada aos segmentos que se utilizam de peças ocas,
produzidas sem tensões e sem soldas, a moldagem
rotacional, segundo Remy, diferencia-se das demais
técnicas de transformação basicamente pela rotação
biaxial do molde e pelo uso da resina em pó em lugar de
pellets - embora, ele mesmo observe estar havendo
ultimamente maior difusão no emprego de pellets, com o
propósito de baixar os custos dos produtos. Outra
particularidade da rotomoldagem é que a fusão da
resina se dá no interior do molde, em lugar de fluir
sob pressão, o que isenta a peça rotomoldada de
tensões.
No Brasil, segundo avaliação de
Remy, as resinas para rotomoldagem ainda apresentam
leque relativamente estreito de aplicações. No
entanto, complementou: "Tem-se avançado bastante
na fabricação de máquinas e complementos, mas o
reduzido número de usuários - estima-se a existência
de 50 indústrias operando com rotomoldagem no País- e
a discutível qualidade dos materiais e recursos tornam
ainda insegura a sua utilização, principalmente quando
são especificadas temperaturas de operação mais
elevadas para encurtar o ciclo produtivo", alertou.
Moldagem nos componentes - A
rotomoldagem também constitui opção de processo para
empresas como a Jacto, fabricante de máquinas
agrícolas, de Pompéia-SP, que vem substituindo
progressivamente, desde 1997, por polietileno
rotomoldado a produção dos tanques pulverizadores de
defensivos agrícolas acoplados às máquinas, antes
confeccionados em poliéster reforçado com fibra de
vidro. "Com o novo sistema, conseguimos reduzir
custos e aumentar a confiabilidade na estanqueidade dos
produtos em relação a vazamentos. No processo original
de fabricação eram necessários mais de dois dias de
trabalho, consumidos entre as etapas de laminação,
fechamento, acabamento e cura, enquanto que, por
rotomoldagem, em duas horas confeccionamos o tanque
pulverizador", compara Marco Antonio de Lima Nunes,
gerente do departamento de fibra de vidro e rotomoldagem
da empresa.
Composta por pulverizadores de 200 litros, 600, 800,
1500, 2000 e 3000 litros, a linha se complementa com
caixas de comando eletrônico, direcionadores de ar,
proteções, entre outros componentes, os quais deverão
estar sendo fabricados integralmente por rotomoldagem
até o final de 2001, segundo prevê o gerente,
considerando a produção de três máquinas, entre as
quais uma McNeal (americana), com diâmetro de esfera de
70 polegadas, e outros dois novos modelos fabricados
pela canadense STP, com diâmetros de esfera de 120 e
140 polegadas, envolvendo capacidade operacional total
de 110 toneladas/mês.
Expandindo fronteiras - Especializada
na fabricação de componentes rotomoldados para
máquinas e implementos agrícolas, como tanques
combustíveis, pára-lamas, dutos de transmissão para
tratores, caixas de sementes e de adubo, tanques de
defensivos, entre outros, a Plastipex, empresa do ramo
da transformação por rotomoldagem, sediada em São
Paulo, já reservou área de 20 mil m² em município
paranaense, para ficar bem próxima da New Holland,
fabricante de tratores e colheitadeiras, pertencente ao
grupo Fiat/Allis, instalada em Curitiba-PR, e da qual é
fornecedora exclusiva.
"A rotomoldagem tem tudo para
crescer no Sul do País, mercado de maior concentração
de fabricantes de máquinas e implementos agrícolas,
pois o polietileno rotomoldado vem substituindo o aço e
a fibra de vidro, expandindo-se cada vez mais pelo
mercado de tanques para combustível de tratores e
colheitadeiras" , considerou Valter Orlando De
Vecchi, diretor industrial da empresa.
Responsável por uma inovação feita
para o segmento agrícola, a empresa orgulha-se de ter
desenvolvido na sua unidade e centro tecnológico de
Gravataí-RS, três anos atrás, o primeiro pára-lama
rotomoldado para trator fabricado pela AGCO, de
Canoas-RS. "Foi um desafio muito grande",
lembra De Vecchi, "mas os resultados valeram os
esforços, pois conseguimos desenvolver uma peça
polida, com padrão otimizado de cor e brilho na
superfície, em perfeita combinação com as partes
metálicas do trator".
Para o diretor, desafiante na atualidade também é
enfrentar os constantes aumentos de matéria-prima, que
ocorrem principalmente nos últimos dois anos. Sob esse
aspecto, ele ensina como é possível atenuar os
impactos dos aumentos, sem repassá-los aos clientes:
"Só há uma saída: temos que tornar a empresa
mais eficiente, promover investimentos no sistema de
qualidade, reduzir os desperdícios, os níveis de perda
e baixar os custos da não-conformidade".
E para expandir o foco de negócios
além da fronteira agrícola, vem respondendo às
demandas para as quais projeta crescimento,
viabilizando, por exemplo, a produção de lixeiras para
coleta seletiva, paletes, galões para uso nas áreas
químicas e farmacêuticas, e atuam nos
"novíssimos" mercados, representados por
piers (flutuadores) rotomoldados em módulos, que
permitem a montagem de plataformas fixas ou móveis para
ancoragem de barcos.
Fidelidade em brinquedos - A
rotomoldagem ainda pode explorar um vasto campo de
aplicações em polietileno, mas é, sem dúvida, o
segmento de brinquedos o seu mais tradicional e fiel
seguidor, ao fazer uso do PVC em emulsão em bonecas e
bolas, mercado de consumo estimado em 6 mil t/ano, mas
que, composto com plastificantes, cargas, estabilizantes
térmicos e pigmentos, evoluiria para 10 mil t/ano.
Com atuação voltada para a confecção de moldes para
a rotomoldagem de brinquedos, a Kichape, de Cajamar-SP,
constitui uma das empresas mais tradicionais do setor,
operando com três fornos Tornotex, com diâmetros de
boca de 630 mm, para o atendimento de ampla carteira de
clientes, como a Baby Brinq, Multibrinq, Sideral,
Toyster, Grow, Maralex, Cotiplás, entre outros.
Moldes para rotomoldar brinquedos em
PVC, como se sabe, são confeccionados com ligas de
cobre. Recebem banho na parte interna de níquel
químico e demandam períodos entre oito e quinze dias
para que possam ser executados. Segundo Miguel Antonio
Galdeano Girotto, sócio-diretor da Kichape, a
produção de um molde-mestre requer várias etapas,
iniciadas pela confecção da escultura da peça
esculpida em cera; sua pintura com purpurina ou tinta
prata contatora; e seu banho para a eletrodeposição de
cobre, onde a escultura da peça deverá permanecer por
um período entre oito a dez dias, para só depois ter
início a usinagem, seguindo-se a etapa de forno para a
finalização do molde.
O mercado brasileiro conta com dois
fornecedores de PVC para rotomoldagem: a Solvay Indupa
do Brasil e a Trikem, da Organização Odebrecht.
"O PVC Solvic®, produzido pelo processo de
polimerização em emulsão", explica Nilton
Valentim, gerente para o PVC no Mercosul da Solvay,
"caracteriza-se fundamentalmente, graças às suas
propriedades peculiares de granulometria e ausência de
porosidade, pela capacidade de formar pastas bastante
fluídas com os demais componentes da formulação,
permitindo a conformação desejada da peça dentro do
molde."
De acordo com Valentim, produtos
altamente plastificados, como bolas de parque, e bolas
de combate (dente-de-leite, promocional, marmorizada,
confete etc), que se caracterizam por altos percentuais
de carga, contam com a oferta da Solvic 374 MB, a
primeira resina de emulsão fabricada no País,
"representando homopolímero de bastante
tradição, com valor K (medida que fornece idéia
aproximada do peso molecular do polímero) igual a 74,
que confere boa elasticidade e excelentes propriedades
mecânicas aos produtos". Já as bolas para futebol
de salão, campo, basquete, voleibol, etc., que
"demandam plastissóis mais fluídos, para melhor
preencher as cavidades dos moldes, e comportam maiores
níveis de carga, paredes mais espessas e valores K mais
baixos, para facilitar a gelificação, contam com outra
resina homopolímera, a Solvic 367 NK, obtida pela
polimerização em microssuspensão, e que também
atende ao segmento de produção de bonecas",
informou ele.
O mix de produtos para os transformadores de emulsão
envolve, porém, mais duas resinas, a S 372 HA e a S 373
MY, que, empregadas em associação com as duas outras,
assumem, segundo Valentim, importância fundamental no
segmento de espalmagem.
Considerada a maior produtora de PVC
da América Latina, a Trikem canaliza a produção de
quatro especialidades para o segmento de brinquedos.
"A linha Norvic, em seu atual estágio de
evolução, participa do mercado há três anos",
informou Luciano Rodrigues Nunes, gerente de
desenvolvimento, produtos e serviços em PVC da empresa.
Há duas resinas de PVC homopolímeras de baixa
viscosidade, a Norvic® EP1230CF e a Norvic® EP121LE,
que, de acordo com Nunes, apresentam boa estabilidade
térmica e fácil desaeração, ou seja, baixa
formação de bolhas de ar durante a mistura, tendo
emprego indicado para a moldagem rotacional de bolas,
bonecas e peças técnicas. Representando produto com
alta viscosidade, a resina homopolímera Norvic® P72HA
é indicada para a fabricação de bolas. "Há
ainda um grade especial, indicado para mistura com os
demais, que se destina à produção de bonecas e do
qual somos os únicos fornecedores", complementou
Nunes. Trata-se do Norvic® S64BA, considerado um
blending para plastissol, que reduz a viscosidade,
possui reduzida sedimentação, e não decanta a resina.
Para atender os transformadores da
rotomoldagem, a Trikem mantém em funcionamento um
laboratório totalmente equipado no Centro Técnico de
Serviços, instalado junto à planta da Vila Prudente,
em São Paulo, onde são preparados compostos e testados
quanto ao desempenho os materiais rotomoldados, sem
qualquer tipo de custo para os clientes, segundo
informou o técnico de produtos Wagner Ormanji.
Autopeças em queda - Nem todos os
caminhos apontam para o uso da rotomoldagem. No setor
automotivo, o descansa-braço em PVC rotomoldado - na
realidade, a peça se compõe de estrutura externa
rotomoldada em plastissol, mais inserto injetado
internamente em PP ou ABS, complementado pelo enchimento
final com espumação de PU -, um componente das
laterais internas de portas de veículos, vem
tornando-se cada vez mais obsoleto. Na avaliação de
Marcio Tiraboschi, coordenador do departamento de
engenharia de materiais da Plascar, de Jundiaí-SP,
empresa especializada na fabricação de componentes
automotivos, adquirida em julho último pela americana
Textron Automotive Company, os novos projetos das
laterais de porta, injetadas ou prensadas, incorporaram
no próprio design o descansa-braço, reformulado dentro
do novo conceito de puxador. Além disso, a maior parte
dos novos projetos, segundo ele, não vem contemplando o
uso do PVC, o que contribuiu para que se registrasse no
âmbito da empresa uma redução da ordem de 80% na
produção de componentes rotomoldados de 1995 até o
presente, envolvendo não só o descansa-braço, como
também apoios para cabeça, maçanetas de porta etc.
"Nosso último contrato
envolvendo a fabricação de descansa-braço rotomoldado
foi efetivado em 1994 com a General Motors, para dar
suprimento às linhas S10 e Blazer. Nos modelos para
2001, o emprego do componente restringiu-se às portas
traseiras e, talvez, em 2002, o conceito possa estar
totalmente reformulado", ilustrou o coordenador do
departamento.
Rotomoldados não escapam aos
testes de qualidade
O Laboratório de Embalagem e
Acondicionamento do Instituto de Pesquisas Tecnológicas
do Estado de São Paulo (IPT) é um dos poucos no Brasil
a promover estudos e testes para determinar a
resistência de materiais plásticos rotomoldados em
polietileno, em se tratando de contentores e paletes,
que atuam, no primeiro caso, como reservatórios para
uma infinidade de produtos e, no segundo, como
estruturas de apoio de uso freqüente nas indústrias
para a movimentação de cargas. Os testes em geral
envolvem verificações quanto à capacidade
volumétrica dos produtos, pressão interna, capacidade
de resistir a quedas, entre outras, as quais seguem
padrões e normas estabelecidos pela ONU - Organização
das Nações Unidas, no tocante ao transporte e
movimentação de produtos perigosos, inflamáveis,
tóxicos e corrosivos.
Embora apresentem grande resistência
a impactos, os produtos rotomoldados estão sujeitos à
baixa resistência à flexão, um dos pontos críticos,
segundo considera o responsável pelo laboratório do
IPT, professor Ernesto F. Pichler. "O que chama a
atenção nos paletes rotomoldados é o fato de poderem
ser produzidos com uma superfície externa fechada, sem
frestas que poderiam prejudicar sua higiene, fundamental
em ambientes como o da indústria alimentícia. O fato
de se constituir em uma casca fechada, envolvendo um
espaço oco, permite que esse espaço seja ocupado por
reforços, procurando resolver o grande problema dos
paletes plásticos que é a sua baixa resistência à
flexão. A inserção de barras de aço, por exemplo, é
uma possibilidade, mantendo-se a superfície externa sem
frestas e a alta resistência a impactos, que
caracterizam o rotomoldado. O plástico, por seu lado,
protegerá os reforços de aço contra a abrasão da
proteção superficial e contra amassamentos",
ensinou Pichler.
A combinação de materiais, conforme se observa em
contentores, em geral associando o tanque plástico a
uma estrutura em aço, para permitir empilhamentos e
movimentações, constitui, segundo ele, uma solução a
ser levada em consideração. Outras técnicas de
reforço ainda podem considerar a possibilidade de
rotomoldar camadas internas em poliuretano.
Máquinas mais produtivas e moldes
mais versáteis
Boa parte das máquinas de
rotomoldagem em operação no País possuem sistema de
aquecimento a gás, embora também sejam encontradas
máquinas dotadas de sistemas elétricos. Entre os
vários sistemas de produção - blue, lançadeira,
concha, rock and roll, shuttle etc. - o mais difundido
é representado por equipamentos do tipo carrossel,
normalmente na forma circular e composto de três
estações de trabalho (forno, carga e descarga, e
resfriamento), providos de braços fixos ou
independentes.
"As máquinas com braços fixos
são excelentes para peças seriadas, demandando tempo
de forno sem variações, mas são contra-indicadas
quando a peça a ser executada terá dupla ou mais
camadas. Os equipamentos com braços independentes, por
sua vez, destinam-se a peças não seriadas, e com
tempos diferentes de fundição e resfriamento,
oferecendo, ainda, versatilidade para os ciclos de
carga/descarga/resfriamento", informou Carlos A.S.
Andrade, diretor da Raw Plastic, de Americana-SP,
representante da Caccia Engineering da Itália.
A marca italiana oferece dois tipos
de máquinas comandadas por sistema eletrônico
computadorizado: o modelo Rotaut, que funciona como um
carrossel, e é constituído de fornos com diâmetro
esférico de 1250 mm até 5500 mm, duas zonas de
resfriamento (ar/água), composto por três ou quatro
braços retos (fixos e independentes) e esquadra para
moldes; e o modelo Rotobox, que atua por sistema
shuttle, ou seja, opera na horizontal, e é composto por
forno de diâmetro esférico que varia de 2.300 mm até
4.600 mm, com um ou dois braços retos e também com
esquadra para moldes.
"A rotomoldagem pode ser
aplicada para moldar peças em qualquer tamanho e
formato, com liberdade de desenhos exclusivos,
constituindo uma diferença das mais significativas, em
comparação a outros processos, com moldes de injeção
sob pressão, onde a saída de peças ocas, por exemplo,
seria crítica" , afirma o engenheiro Luiz Duanetti
Neto, diretor-presidente da Sistema, fabricante nacional
de máquinas e equipamentos para moldagem rotacional,
sediado em São Caetano do Sul-SP. Para ele, outros bons
exemplos são as peças de grandes dimensões e peso
correspondente a várias centenas de quilogramas, altura
e largura superior a três metros, rotomoldadas com
polietileno em pó, e de fabricação impraticável por
sopro ou injeção.
Confirmando a maior difusão das
máquinas do tipo carrossel, o engenheiro Neto relaciona
outros equipamentos em uso no País, como a máquina
lançadeira, empregada na rotomoldagem de grandes
peças, e composta por dois carrinhos que se revezam no
forno central; máquina do tipo concha, reunindo todas
as operações numa única estação; máquina do tipo
rock and roll, também conhecida como chama aberta,
empregada principalmente para fabricar peças de grandes
dimensões, como um tanque de 60 mil litros, onde o
molde gira apenas em um único sentido e se desloca
verticalmente por meio de um cilindro, podendo-se usar
um forno fechado ou aquecer diretamente o molde.
Aspecto importante a ser observado pelo transformador é
que, embora uma ampla gama de polímeros possa ser
utilizada em rotomoldagem, as propriedades finais de uma
peça tornam-se otimizadas pela seleção apropriada dos
materiais.
"A excelente resistência
química do náilon também pode ser aproveitada em
aplicações que requeiram resistência a impactos,
acima da qual o náilon teria condições de suportar,
moldando-se uma película externa de polietileno e uma
camada interna de náilon, somando-se na estrutura
composta as ótimas propriedades de um e de outro",
ensinou o engenheiro Neto.
Custo do molde decide - Os custos mais acessíveis dos
moldes em alumínio fundido para a rotomoldagem dos
materiais em polietileno têm influenciado bastante as
decisões das empresas que buscam soluções mais
acertadas, no sentido de ajustar a demanda dos produtos
aos gastos feitos para a sua produção. Assim, na maior
parte dos casos, se dá a escolha da rotomoldagem, como
o processo de produção destinado a fabricar linhas
tradicionais de produtos ou dar início a novos projetos
e desenvolvimentos.
Em breve comparativo de custos
realizado por Daniel Teisseire, diretor da Modelação
Charles, empresa fundada há 26 anos, especializada em
confeccionar moldes, e instalada em Ribeirão Pires-SP,
é possível entender porque a rotomoldagem vêm
mobilizando as novas escolhas dos transformadores.
Para fabricar um tanque de mil
litros, por exemplo, um molde em fibra de vidro
apresenta custo estimado em R$ 4 mil; em alumínio,
terá custo de R$ 10 mil. Apesar do custo inicial mais
alto do molde para rotomoldagem, este será diluído em
função da sua produtividade. Ou seja, enquanto o molde
em fibra de vidro tem capacidade para produzir dois
tanques/dia; o molde em alumínio pode produzir 20
peças/dia. Em se tratando de sopro, a diferença
também é significativa, pois, segundo avalia Daniel
Teisseire, um molde destinado a esse processo de
produção custaria algo em torno de R$ 35 mil. O custo
de um molde para rotomoldagem representa muito pouco
quando comparado com o custo do molde para injeção,
tomando-se por base o mesmo exemplo do tanque de mil
litros, em torno de R$ 500 mil. "Por isso, só
compensa investir em moldes para injeção quando se
trata de altíssima produção, havendo necessidade de
tirar uma peça a cada cinco minutos", avaliou
Teisseire.
Os custos pesam bastante . Mas outros
fatores também atuam sobre as decisões a favor da
rotomoldagem, como os avanços observados nas técnicas
de confecção de moldes, por exemplo, relacionadas com
a aplicação de politetrafluor etileno (PTFE) ou
Teflon®, relativamente recente no País, mas presente
em 90% dos casos em se tratando de moldes confeccionados
nos EUA ou na Europa. Além de melhorar os aspecto final
das peças rotomoldadas, o emprego do PTFE suprime
totalmente, segundo Teisseire, o uso de desmoldantes,
cujos custos, estimados em R$ 60 o litro, elevariam
ainda mais os gastos totais com a produção.
Outros sinais da evolução aparecem no fato de se ter
dominado a técnica para confeccionar porta-moldes, com
várias cavidades, abertos em uma única operação,
incrementando bastante a produtividade, e no tratamento
interno dado ao molde com o jateamento de granalhas de
aço, para deixar as peças texturizadas ou corrugadas
na superfície. "Técnica que está tendo bastante
aceitação no segmento de moldes para componentes de
máquinas agrícolas, como tanques para combustível,
painéis, proteções para caixas de câmbio",
informou Teisseire.
Como executar - A confecção de
moldes em alumínio fundido para rotomoldar polietileno
exige habilidade, especialização e rigoroso controle
de qualidade. Segundo ensina Teisseire, são
necessárias várias etapas de trabalho, as quais se
iniciam com um desenho, um simples rascunho, um
protótipo ou um desenho mecânico, que servirão de
base ao desenvolvimento de um projeto em 3D. Na
seqüência, confecciona-se um modelo-padrão em
materiais compostos - madeira, EPS, PU, resina,
elaborando-se depois manualmente o modelo de fundição,
que tem como principal característica o rigoroso
controle da espessura.
A etapa seguinte consiste em fundir o molde em alumínio
com liga especial, sendo fundamental nesse ponto a
ausência total de "porosidades" no alumínio,
para garantir excelente condutibilidade térmica,
fidelidade nas formas e durabilidade. Depois de
inspecionar o alumínio fundido, inicia-se o polimento
das superfícies internas, a texturização e a usinagem
das faces de fechamento. Como última etapa, dá-se a
confecção do porta-molde, ou seja, o molde receberá
uma estrutura de tubos de aço carbono, soldados pelo
processo MAG, provida de molas e grampos para fechamento
rápido, "garantindo rigidez, durabilidade e
facilidade de uso do molde em alumínio", informou
Daniel Teisseire.
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